domingo, 7 de junho de 2009

Casos clínicos

Casos clínicos
Otorrinolaringologia
Mulher de 25 anos com cefaléia supra-orbitária e eliminação de secreção nasal acastanhada há 2 anos
Apresentação do caso

SPO, sexo feminino, branca, nascimento 13/09/70, solteira, natural RJ, fotógrafa.

Início em 1993 com cefaléia supra-orbitária, pulsátil, coriza hialina, espirros em salvas, eliminação de massa espessa de coloração acastanhada, sem prurido e/ou obstrução nasal. Relacionava com fatores específicos e, principalmente, inespecíficos. Não fazia uso de qualquer medicação.

Após 18 meses, procurou o Serviço de Otorrinolaringologia do HUCFF, onde foi diagnosticada sinusite e tratada com cefalosporina, sem melhora clínica. Posteriormente, a tomografia dos seios paranasais revelou velamento da fossa nasal, seio maxilar e células etmoidais à direita por material de natureza heterogênea e sinais de erosão da parede medial do seio maxilar direito. Afilamento e destruição dos septos etmoidais e discreto efeito de massa sobre o septo cartilaginoso nasal para a esquerda. Sinais de infiltração da parede póstero-lateral direita do cavum.


Tomografia computadorizada. Ocupação das cavidades paranasais à direita, insuflando-as com captação heterogênia de contraste. Expansão da lesão do seio maxilar para a caviadde nasal adjacente

Em novembro de 1995 foi submetida a sinusectomia maxilar, etmoidectomia posterior e esfenoidectomia, com retirada de material castanho-escuro. A histopatologia revelava infiltrado inflamatório mono e polimorfonuclear, áreas de necrose com restos celulares e corpos estranhos.


Histopatologia de mucosa de seios paranasais com
infiltrado linfoplasmocitário
As colorações pelo PAS e prata mostraram hifas espessas e esporos compatíveis com aspergilose.


Presença de hifas de Aspergillus em exame histopatológico de material
colhido durante cirurgia. Técnica de coloração pela prata.

No Serviço de Imunologia foram realizados testes cutâneos com Dermatophagoides pteronissimus, Blomia tropicalis, Aspergillus fumigatus, glaucus e clavatus. Apenas os três últimos foram positivos. A cultura do material eliminado espontaneamente pelas fossas nasais mostrou crescimento de Aspergillus flavus.


Cultura de "mucina alérgica" com crescimento de Aspergillus

O presente caso exemplifica uma sinusite alérgica com características invasivas locais causada pelo Aspergillus flavus.


Microfotografia em contraste diferencial(400X) de cultura de "mucina alérgica",
com crescimento de Aspergillus

Comentários: Infecções micóticas representam causas de inflamações crônicas dos seios paranasais, sendo o gênero Aspergillus o mais freqüente, causando diferentes formas: invasiva localizada, invasiva sistêmica, micetoma e alérgica. Esta última constitui um tipo bem definido de sinusite crônica que acomete preferencialmente adultos jovens e atópicos, com história de polipose nasal e asma. No presente caso o diagnóstico de Sinusite alérgica por Aspergillus flavus baseou-se no crescimento do fungo no meio de cultura, nos testes cutâneos de resposta imediata positivos com antígenos de Aspergillus e nas alterações radiográficas.

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