sábado, 20 de dezembro de 2008

Matéria- Soluços- Drauzio varella


SOLUÇOS

O que é?

O soluço resulta de um estímulo involuntário de músculos relacionados com a respiração, principalmente o diafragma (calota muscular que divide o tórax do abdômen), levando a uma inspiração rápida e curta, não sincronizada com o ciclo respiratório.

O que se sente?

Na grande maioria das vezes o soluço causa não mais do que um desconforto com duração de poucos minutos. No entanto, certas vezes, os soluços podem permanecer por várias horas ou dias, levando a busca de atendimento médico.

Não há riscos conhecidos relacionados à permanência dos soluços, mesmo por grandes períodos de tempo.

Quais são as causas?

Apesar de não haver um mecanismo conhecido para o início de um episódio de soluço, certas situações são descritas como causas corriqueiras de soluço.

Alguns exemplos são:
 
 distensão gástrica pela ingesta de bebidas com gás,
 deglutição de ar ou alimentação em grande volume,
 mudanças súbitas de temperatura de alimentos ingeridos ou mesmo da pele (sauna-ducha gelada),
 ingesta de álcool, e
 gargalhadas.

Situações de soluços persistentes ou recorrentes já foram relacionadas a mais de uma centena de causas.
 
 Causas neurológicas:
 Traumatismo (acidentes de carro), acidente vascular cerebral ("derrame"), tumor cerebral.
 Causas metabólicas:
 Insuficiência renal com altos níveis de uréia sangüínea, respiração rápida levando a diminuição de dióxido de carbono no sangue, excesso ou falta de íons (K, Na, por exemplo).
 Estímulo direto ao nervo vago:
 Objetos acidentalmente introduzidos no ouvido, aumento da tireóide, tumores no trajeto do nervo vago na cabeça, pescoço, tórax ou abdômen, pneumonias, infarto, esofagite, hepatites e pancreatites.
 Causas cirúrgicas:
 

Anestesia geral e estado pós-anestésico.

Muitas vezes a causa do soluço não pode ser descoberta.

Como se trata?

Algumas manobras podem ser úteis na resolução de quadros agudos e benignos de soluço. Entre elas estão a tração da língua, elevação da úvula ("sininho" da garganta) com uma colher, ingesta de uma colher de açúcar, trancar a respiração, assoar o nariz, dobrar as pernas sobre o abdômen, inspiração rápida (como ocorre quando levamos um susto) e alívio da distensão abdominal por eructação (arroto) ou sonda nasogástrica.

Quando o soluço chega a motivar procura de assistência médica, geralmente já está presente há pelo menos várias horas ou dias. Nesse caso, as causas acima mencionadas de soluço persistente devem ser investigadas.

A ordem da investigação será orientada pela presença ou não de sintomas concomitantes ao soluço que possam indicar uma causa.

A avaliação inclui um exame neurológico detalhado, seguido de exames básicos de sangue e radiografia de tórax. Não sendo encontrada a causa e permanecendo com o sintoma, a avaliação prossegue com tomografias de crânio, tórax e abdômen, ecocardiografia, broncoscopia e endoscopia digestiva.

Se uma causa é descoberta, o tratamento deve ser direcionado à causa. Se não é descoberta ou se o tratamento não é possível, certas medicações, geralmente de natureza sedativa podem ser usadas. Pela sua natureza, essas medicações sempre exigem avaliação específica do caso em questão e prescrição médica.

Recomendações
Manobras caseiras: como a maior parte dos ataques de soluço dura apenas alguns minutos, é grande o número de tratamentos caseiros indicados. Entre eles:
# Prenda a respiração;
# Engula uma porção de açúcar cristal (uma colher de chá), miolo de pão ou gelo moído;
# Curve-se e beba água do fundo de um copo;
# Chupe uma fatia de limão;
# Respire repetidamente num saco de papel;
# Faça gargarejos com água;
# Puxe sua língua para provocar reações de vômito;
# Coce o céu da boca com um cotonete de algodão;
# Usando uma colher de chá, suspenda a úvula [campainha da garganta];
# Erga os joelhos até o peito e incline-se.

É muito difícil avaliar a eficácia de medidas tão empíricas, mas como são inóquas, vale a pena tentá-las no início da crise.


Importante
Procure o médico se as crises de soluço durarem mais de 24 horas (principalmente se interferirem com o sono). Soluço crônico usualmente requer acompanhamento neurológico.

 

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