


Babinski na arte e na Medicina
Para que ocorra o sinal de Babinski, faz-se necessário que a lesão na medula situe-se acima do segmento lombar 1 (L1), ou seja, a montante do local onde se originam as fibras nervosas do plexo lombossacral. Nas crianças com mais de dois anos e nos adultos, o reflexo normal observado é a flexão plantar, tanto do hálux quanto dos demais dedos do pé. O trato córtico-espinhal lateral da medula tem ação inibitória do reflexo primitivo cutâneo plantar em extensão.As crianças menores de dois anos, por não terem ainda o sistema nervoso completamente mielinizado, apresentam o reflexo cutâneo plantar em extensão como padrão normal. Dessa forma, o sinal de Babinski não pode ser considerado patológico em crianças nessa faixa etária. O sinal de Babinski é, indiscutivelmente, o reflexo superficial mais importante no campo da neurologia.
Na pintura, ele está presente em pelo menos quatro importantes obras. Destaco inicialmente Virgem Maria e o Menino Jesus (1470), pintada sob orientação de Verrochio (1435-1488), um florentino que ensinou pintura a Leonardo da Vinci. Foi no famoso ateliê de Verrochio que Leonardo pintou sua primeira importante tela, intitulada Anunciação (1472), realizada sob encomenda para o Monastério de Monte Oliveto, em Siena (Itália). Nessa Anunciação, Leonardo comete um erro de perspectiva: pinta a mão da Virgem em um plano diferente do suporte sobre o qual ela se apóia.
Rogier van der Weyden (1399-1464), holandês de nascimento, considerado um dos maiores pintores do Renascimento holandês, em 1454 pintou o óleo sobre madeira Virgem e o Menino. Nessa obra, o sinal de Babinski é observado quando a mão e o pé esquerdos do menino Jesus estimulam a planta (ou face plantar) de seu próprio pé direito.
Sandro Botticelli (1445-1510), um dos maiores pintores do pré-Renascimento, demonstrou o sinal de Babinski ao pintar o óleo Madona e a Criança com os Oito Anjos (1478). O sinal somente foi registrado com perfeição porque Botticelli, influenciado por seu mestre Fra Filippo Lippi (1406?1469), entendeu que era importante usar crianças vivas como modelos para se obter uma imagem tal e qual a realidade.
Sandro Botticelli pintou várias vezes a Virgem Maria. Dentre essas telas, além da citada acima, estão Madona do Livro, Madona do Magnificat, Madona da Romã e Madona do Dossel. Contratado pelo papa Sisto IV, decorou com alguns afrescos a Capela Magna do Vaticano, hoje Capela Sistina. São de sua autoria as ilustrações para a Divida Comédia, de Dante Alighieri. Sua mais famosa obra de arte chama-se O Nascimento de Vênus (1485).
Consta ter sido Mariano Filippepi o pai de Alessandro Botticelli, carinhosamente chamado de Sandro pela família. O registro de batismo com o sobrenome Botticelli, em vez de Filippopi, deveuse a um capricho do pai. Botticelli, que quer dizer "barrilzinho", foi o apelido dado ao primogênito dos Filippepi, Giovanni, em alusão ao fato de ter sido uma criança muito gordinha. Apelido em um filho, sobrenome em outro filho. Resolvido o problema: Barrilzinho (Botticelli) deixou de ser apelido.
Rafael - ou mais precisamente Raffaello Sanzio (1483-1520) -, considerado um dos grandes nomes do Renascimento italiano, atingiu a perfeição na composição e no realismo ao pintar Madona e Criança, em 1505. Nesse quadro se vê de forma clara o sinal de Babinski quando o menino Jesus leva o pé esquerdo de encontro ao manto da Virgem Maria.É claro que a representação do sinal de Babinski nas obras de grandes artistas é meramente a representação de um reflexo, haja vista que eles não tinham a noção científica do seu significado. Porém, ao pintar o sinal, evidenciavam a capacidade de observação inerente aos bons artistas, o que nos leva a acreditar que as reproduções das cenas da Virgem com o menino Jesus são as mais perfeitas e precisas possíveis.
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